sábado, 10 de janeiro de 2009

Fluxo Negro

Gotas de chuva atingem meu rosto calado.
Pálido, olho para o que vem de cima,
Esperando o dia acabar

Um litro de coragem,
Nem isso bastou
Para aprofundar
A imensidão negra

Mas os olhos de esfinge
Desarmaram meus pulsos
E o córrego de veias
Estancou por um segundo

O fluxo admirável
Da imensidão escura
Me tomou por completo
Num gesto simplista

Um jogo futurista
De dedos entrelaçados
Que me prenderam
moveu o mundo
Que viva angústiado
E fez renascer
Aquele segundo tão esperado

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Relógio

Os ponteiros não andam
Todas as horas se traduzem em água
Olhos ternos, boca suja de batom
Fita longe o relógio sem ponteiros

Longas noites de choro breve
Leve nuânce da vida breve
Os ponteiros não mudam de lugar
Pois, tua pele plácida parece sempre a mesma
Macia, doce, tenra ao paladar

Os ponteiros não trocam de posição
E toda a breviedade da dor
Se traduz num simples expressar
Do sofrimento, da minha dor.