O piano tocava lamurias de um tango
Dançando pelo salão agarrava-te firme a meu braços
Olhava as profundas trocas de olhares
Procurando não se soltar dos braços castos
As pernas entrelaçadas
O suor correndo pelo corpo
Um arrepio quente
O ardor da melancolia
A gaita pontuava o sorriso
O grande momento da vitória
Onde subjugado o corpo se estendia
E deixava insurgir a memória
Eu sentado olhando
A dança que representa os medos
Me perguntava de quando em quando
Onde estão meus dedos?
Seguros com a caneta em punho
Alucinados transcreviam o amor
Mas em palavras sem vida
Descrevendo o movimento da flor
Que numa dança, apenas uma
Explicava o sentido da vida
Encerrado em notas de tom maior
A severidade do corpo, desaparecida
Um comentário:
que bonito! (F)
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