segunda-feira, 18 de maio de 2009

Conversas ao Nascer do Sol I

- Eu to acordado!
- Que bom, olha para o lado.
- Que que tem?
- Olha...
- Sim, a janela e daí?
- Olha através dela, o dia tá nascendo, consegues ver?
- Nunca tinha reparado que essa janela da de frente pro nascer do sol.
- Assim como nunca se deu conta das pequenas coisas que nos fazem feliz, como um simples nascer do sol. Esse céu que começa a se abrir em raios de luz, é como o anoitecer, só que ao contrário, tudo é exatamente igual, porém é o oposto.
- Até parece que tá falando de nós, como se fossemos um o contrário do outro, como se eu fosse a noite que acaba com o dia, a doença que destói a saúde.
- Talvez, mas acho que é hora de calar e ver o sol nascer.

Longa pausa.

- Porquê?
- O quê?
- Por que tem que ser assim?
- Assim como?
- O dia vai terminar de amanhecer e você vai embora sem olhar pra trás, chegamos no fim, isso dói.
- Eu vejo, eu sinto, mas não tem mais jeito.
- Eu não tenho mais jeito?
- Eu não tenho mais jeito!
- E quem é "eu"?
- A pergunta devida é "quem sou eu?".
- Você não tem mais jeito?
- O sol nasce através da janela todos os dias, quanto tempo você mora aqui?
- Isso não me responde.
- A resposta foi a mais apropriada.
- Não se deve responder com uma pergunta.
- Não se deve perguntar o que já se sabe a resposta.

Pausa.

- Vai acabar em breve.
- É, eu sei.
- O que posso fazer para mudar isso?
- Mais um raio de sol!!!
- Para com isso, me diz, o que devo fazer?
- São 5:15.
- Não sei mais, então deixa o sol nascer...
- O silêncio é o melhor dos presentes...
- ...pra quem nunca te deu nada!
- Vindo de quem me deu o mundo, ele significa a vida.
- Me perdoa?
- Pelo que?
- Por ter sido só isso enquanto deveria ter sido tudo aquilo.
- Agora já passou...
- É, já passou, o sol já começou a aparecer, já passou.

Em silêncio os dois terminaram de assistir o sol nascer.
Um beijo no rosto e um adeus qeu ecoou como um até breve.

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